tag:blogger.com,1999:blog-3194966507789865208.post4309370368838887734..comments2023-08-05T12:30:36.960-03:00Comments on No Rastro da Educação, Cultura e Política.: PRÊMIO NOBEL - HERTA MÜLLER – OBRA POLÍTICA - Por Jayme BuenoTania Anjoshttp://www.blogger.com/profile/14938648214363655712noreply@blogger.comBlogger6125tag:blogger.com,1999:blog-3194966507789865208.post-29089444172505773672009-10-28T11:21:52.665-02:002009-10-28T11:21:52.665-02:00Prezado Marcelo,
Cá estamos novamente. Desta vez s...Prezado Marcelo,<br />Cá estamos novamente. Desta vez sobre Prêmio Nobel de Literatura.<br />Concordo em uma representação da realidade não meramente mimética, mas também enriquecida pelo poético, pelo aprofundamento psicológico das personagens, pelo onírico e mesmo por alguma coisa experimental, desde que não venha a se tornar experimental apenas pela aparência externa, recurso já desgastado.<br />Penso que na obra que li, a tradução brasileira, há um pouco de tudo. Várias passagens líricas, quase sempre que se refere às estações do ano (algo muito marcante na Europa); inverno com a poesia da neve em flocos brancos; primavera com as flores e seus perfumes; verão com pessoas mais bem dispostas, um pouco mais alegres, ou, ao menos, menos tristes, pelas ruas. Há claro, como fundo permanente uma paisagem bastante deprimente, céu cinzento, espaços sombrios, ruas escuras, fábricas opressivas, bondes lotados já pela madrugada, velhinhas meio loucas pelas ruas, o ambiente de contínua opressão e uma rotina massacrante, em um país que nada acontece de diferente. <br />Quanto à posição de Lya Luft, segundo meu neto, estudante de Engenharia Eletrônica e não muito dado à literatura, em tom um bastante jocoso, é um tanto de inveja por parte tradutora. Afinal, é de fato no mínimo estranho esse modo de enfocar a obra que ela própria traduziu. Talvez não a tenha considerado como a de outros autores alemães que traduziu, mas dois deles são também Prêmio Nobel. E questão de gosto não deve ser critério de avaliação de uma obra e ainda mais de um conjunto de obras, como o colega menciona no comentário postado.<br />Quanto à obra de Mia Couto, hoje é uma das mais estudadas nas universidades. Não sei se essa contínua exposição de uma obra não prejudique no sentido da concessão de Prêmio Nobel. Não foi, porém, o caso de Saramago, embora este com uma militância muito forte no Partido Comunista internacional.<br />Quanto à estruturação de O Compromisso, penso que há de tudo um pouco. O texto não se divide em capítulos, mas a passagem de um núcleo para outro é feito por espaçamento maior. Porém, sem cortes bruscos que dificultem o entendimento para o leitor comum. É uma narrativa que se pode chamar de bem comportada. <br />Quanto às personagens, elas não são muitas. Aparecem velhos devassos, jovens sexy, mulheres altamente erotizadas, tudo numa mistura que leva a cenas sugeridas de sexo em casas, entre parentes por afinidade, nas fábricas, de modo consentido ou forçado. <br />Sobre o ambiente, além do que comentei sobre os espaços urbanos, há o lado do psicológico: contínuas ações que envolvem as personagens, que torturam, que atemorizam, que fazem enlouquecer. Mesmo assim, as pessoas conseguem como que sublimar tudo isso para continuarem a viver. Parecem externamente se acostumarem com a situação.<br />A linguagem, difícil de se analisar por se tratar de uma tradução. Pode-se dizer, contudo, que, em português, é uma boa linguagem, talvez até tradicional demais. É realista, mas de um realismo muitas vezes lírico, poético. <br />Um grande abraço e obrigado pelo seu comentário, como sempre tão instigante.<br />JaymeJayme Ferreira Buenohttps://www.blogger.com/profile/13660954942300311364noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3194966507789865208.post-83477018333285021382009-10-28T11:20:30.286-02:002009-10-28T11:20:30.286-02:00Prezado KA,
Obrigado pelo comentário. É gratifica...Prezado KA, <br />Obrigado pelo comentário. É gratificante saber que a postagem vem tendo o mérito de informar e de dar oportunidade para o debate de obras, autores, aspectos da literatura.<br />Agradeço muito.<br />Um abraço, <br />JaymeJayme Ferreira Buenohttps://www.blogger.com/profile/13660954942300311364noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3194966507789865208.post-10244078604382219162009-10-27T12:14:14.379-02:002009-10-27T12:14:14.379-02:00Taninha,
Estive uns dias fora do ar por pequena v...Taninha, <br />Estive uns dias fora do ar por pequena viagem de motivação familiar, batizado de mais uma netinha em cidade catarinense. Agora, de volta, percebi que o texto foi postado já há alguns dias. Obrigado!<br />As academias e outras instituições vão-se transformando segundo seus novos dirigentes e têm esse defeito de moldarem às suas feições inclusive a criação de outros. De fato, é uma pena. Passou-se a valorizar a credibilidade à custa de quem já é famoso. <br />Também considero merecida a concessão do prêmio à escritora romeno-alemã. Acontece que havia uma torcida muito grande pelo israelense Amós Oz e também pelo libanês Amin Maalouf (ambos no âmbito dos problemas políticos árabe-israelenses). Havia também preferência pelo holandês Cees Nooteboom. Em votação paralela, surgiam nomes como os dos americanos Philip Roth, Thomas Pynchon e Joyce Carol Oates; dos latino-americanos Vargas Llosa e Carlos Fuentes. A lista de candidatos era grande nas bolsas de apostas. <br />Enfim, acabou vencendo uma candidata menos conhecida. Politicamente, o caso das ditaduras socialistas prevaleceu. Creio, porém, que não só por isso, porque a obra de Herta Müller possui também qualidades literárias.<br />Um grande abraço, Taninha.<br />JaymeJayme Ferreira Buenohttps://www.blogger.com/profile/13660954942300311364noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3194966507789865208.post-44193021646955049632009-10-26T07:47:50.319-02:002009-10-26T07:47:50.319-02:00professor Jayme,
Gostei imensamente do artigo, on...professor Jayme,<br /><br />Gostei imensamente do artigo, onde é traçado um panorama do prêmio Nobel e da escritora Herta Muller.<br /><br />Eu, confesso, não conhecia a escritora e essa matéria foi decisiva para que eu tivesse alguma informação sobre ela.<br /><br />Parabéns.KAhttps://www.blogger.com/profile/01353216514594133688noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3194966507789865208.post-71566806971273144912009-10-24T13:24:30.440-02:002009-10-24T13:24:30.440-02:00Professor Jayme,
A Literatura Realista tem o que...Professor Jayme,<br /><br /><br />A Literatura Realista tem o que nos ensinar. Aprende-se muito com Flaubert, Dostoievsky, Thomas Mann e, certamente, com Herta Müller. Eu, particularmente, prefiro uma literatura onde o confronto da realidade (e sua apresentação) não se dissociam do onirismo, tingindo a narrativa com cores mais subjetivas. Pra mim, literatura, antes que painel social, é "digital do artista". Mas isso é uma questão de gosto. <br /><br /><br />Méritos para Herta Müller.<br /><br /><br /><br />Quanto à atitude de Lya Luft, além da franqueza, achei-a um tanto descuidada. E até "blasé". Esquecer-se de um livro que traduziu e que, independente do "brilho" (ou ausência de) não é nenhum campeão da mediocridade, é um tanto demais. E devemos considerar que a autora (ou autor) ganha o prêmio pelo conjunto da obra, e que a amostra que temos disponível é muito pequena para fazer justiça ao montante de empenho artístico-narrativo-biográfico-social de Herta. Nem Lya Luft, nem nós, podemos avaliar a contento a amplitude de seu trabalho. Ainda que ela reitere o mesmo tema "n" vezes, pode fazê-lo com insuspeitas sutilezas e maestria. Além do viés político, creio, minimamente, na "carpintaria literária" de Herta. <br /><br /><br /><br />Pensando na ênfase (ou "sobrevalência") que se possa dar a este tipo de literatura, pensei no inegável fôlego de análise social, feita com competência, pelo escritor britânico (de origem indiana, e nascido em Trinidad e Tobago -cosmopolitismo mais do que conveniente aos critérios políticos de premiação...) Vidiadhar Surajprasad Naipaul, prêmio Nobel de Literatura de 2001. Sua temática social e seu painel dos conflitos hindus-muçulmanos (além da minuciosa exposição do ideário muçulmano fundamentalista) também pode ser apreendida mais pelo ângulo político do que literário. Mas para se escrever tanto (e tão bem) sobre tais questões sociais, deve-se ser, além de engajado (de um ou outro modo...), "também" bom escritor. De V. S. Naipaul temos mais de meia dúzia de livros (volumosos, alguns, por sinal...) traduzidos para o português. Aguardemos outras traduções de Herta (e por pessoas talvez mais entusiastas do que Lya Luft, malgrado sua competência no ofício; há que se ter "ardor" pelo trabalho, e não apenas desempenhá-lo burocraticamente bem...). No que diz respeito a certa literatura de engajamento político que destaca mais o onirismo (ou "digital onírica") do autor, sugiro a obra do moçambicano Mia Couto. Inclusive, pelo atrativo adicional de ter sido escrita em nossa própria língua. Com "sotaque", claro.<br /><br /><br /><br /><br /><br />Muito bom o seu texto, professor. <br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Abraços,<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Marcelo.Marcelo Novaeshttps://www.blogger.com/profile/11209737711648527795noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3194966507789865208.post-47354462808853212062009-10-24T10:03:08.051-02:002009-10-24T10:03:08.051-02:00Olá, prof Jayme!
Que postagem interessante! Eu nã...Olá, prof Jayme!<br /><br />Que postagem interessante! Eu não conhecia a origem do Prêmio Nobel.<br /><br />Pena que os ideais primeiros foram se desvirtuando por temores acerca de críticas e por questões políticas. Acho uma falta de respeito à memória de quem concebe um projeto, fatos assim. Mas é o que comumente acontece...<br /><br />"[...]por vontade de Nobel, deveria ser entregue a jovens cientistas que necessitassem de uma ajuda financeira para se dedicarem inteiramente às pesquisas[...]"<br /><br />Acerca declaração de Lya Luft, sobre o Prêmio: <br /><br />“Prêmios de literatura são em geral muito estranhos”, e acrescenta: “Muitos (autores premiados) não são interessantes, nem muito bons, e a gente não sabe por que ganha”.<br /><br />Eu concordo com ela. Entretanto, pelo que li sobre a obra de Herta Müller, acho que foi merecido, pois me parece bastante interessante a temática - interessante e atualíssima.<br /><br />Nenhuma forma de tirania, racismo e injustiça deve ser esquecida ou desconsiderada - ainda que ocorra ou tenha ocorrido num vilarejo da Europa, Américas, Continente Africano, Asiático, ilhas, enfim... Dor é dor.<br /><br />Mais um livro que preciso ler. O poético da dor é sempre um convite<br />especial a minha leitura. É pura arte.<br /><br />Grande abraço, prof. Jayme.<br />Muito obrigada por mais uma preciosa colaboração.<br /><br />TaninhaTania Anjoshttps://www.blogger.com/profile/14938648214363655712noreply@blogger.com