A arte da poesia e a poesia da arte.
[por Taninha Nascimento]
Sempre que trato desse assunto me pergunto: mas... O que vem a ser arte?
Podemos voltar ao início da civilização e pensarmos sobre nossos antepassados mais remotos e, tentarmos focar nosso olhar em toda a ação humana sobre aquele mundo; aquela realidade. E... Pronto! Eis a arte! Esta, caminhando junto aos primeiros passos da linguagem e do conhecimento, formou e continua a formar o que vem a ser o nosso acervo cultural. Acervo este, para sempre inacabado. Resultado de nossas mais simples e complexas necessidades de seres pensantes e vivos - resultantes e envoltos nas mais diversas circunstâncias sociais, físicas e emocionais.
Para mim, o que pode distinguir um ser racional de um irracional é a arte – que está diretamente ligada à inteligência e à sensibilidade. Arte, inteligência e sensibilidade, “os três pilares da humanidade”. Penso até, que um não dependa totalmente do outro, entretanto, a ausência de um deles, empobrece qualquer ação humana.
Experimente tirar de um Van Gogh, a arte ou a inteligência, ou ainda, a sensibilidade... Impossível, não? Tente agora, com Shakespeare; com Bach; com Einstein; com Freud; com Nietzsche; Machado de Assis; Aleijadinho; Niemayer; Chico Buarque; Ronaldinho [gaúcho ou carioca]; Airton Sena... E, por aí vai... Você acha possível? Simplesmente, não seriam eles... Óbvio e claro.
Tente agora, acrescentar a arte, a sensibilidade e a inteligência a Hitler... Pois é... Você dirá: “Inteligente, ele foi...”. Porém, será que lhe faltou a arte aliada à sensibilidade? Pois artista, ele também o foi e , conversando com um amigo, ele me acrescentou que Hitler amava a arte "clássica e neoclássica", mas sem as emoções trazidas pelo expressionismo, por exemplo... [ o que , com certeza, um bom psicólogo saberia explicar...] . Arraigada estava nele, a arte criminosa aliada à inteligência...
Pois é... Por isso, eu digo que são os três pilares, posto que na ausência de um, modifica-se todo o perfil desse alguém. Mas nada disso [sobre estes "três pilares"] pesquisei, hein! É uma “tese” apenas. Nem isso. É algo intuitivo. É um “pensar alto”...
Bem, voltando ao assunto, vamos falar especificamente da poesia. Afinal, o que vem a ser poesia e onde ela se encontra?Alguns podem responder precipitada e equivocadamente: “Ora, a poesia encontra-se nos versos e prosas”... “Nas rimas”... Sim, claro! Mas, não apenas nestes. A poesia está nas mais simples ações cotidianas, as quais nem precisam, em minha opinião, de palavras para expressa-las... Quem não vê poesia na natureza? Nas telas, esculturas, nas sinfonias, nos aviões?E numa simples pipa no céu?...Enfim... E nos Homens e nas suas ações ?[crianças, jovens, moços e velhos]... Ah... A poesia está em nosso dia-a dia. Que, muitas vezes é cruel... Triste... Amargo... Sofrido... Sim! Há poesia na morte, na loucura, na doença, na dor, na raiva, no ódio e na repulsa... Qualquer um que diga que não, a meu ver, está equivocado. Pois é por conta dessa poesia toda - que há no mundo e submundo - que os artistas, não se agüentam e precisam expressa-la. Alguns o fazem através dos versos e prosas para serem sentidos, lidos declamados, dramatizados... Toda doçura, azedume, alegria, tristeza, beleza e feiúra, amor e desamor, se farão presentes. Claro!! Outros mostram sua arte poética através das canções. Temos as mais variadas, entre estas, Hip hop, Rap, Funk... Aí, possível leitor, você me dirá : “Isso não é poesia!”. Ora... Claro que é...
Então, podemos resumir a poesia assim: “um jogo”, cujas peças são as palavras que se movimentam nas mãos hábeis e olhos atentos. O objetivo do “jogo” é despertar formas e formas de interpretar o mundo, de senti-lo [pincipalmente], de lê-lo – ousando, ou não - tentar entende-lo... Ganha o “jogo” quem o fizer melhor –“construindo as regras, ou jogando”.
Sim, “jogando”, pois na fruição ou, contemplação, movemos as peças e podemos “recriar as regras do jogo enquanto se joga”. O que tento dizer é que participamos, também, do ato de criação do autor , quando nos envolvemos, contemplando, fruindo... Tornando-nos co-autores numa atitude ativa e, não meramente passiva – como possa parecer. Onde tudo em nós se move e se envolve para dar sentido àquela arte que - em nós - "recriamos".
Texto inspirado no material: Ensino Fundamental de Nove Anos - MEC
Arte de Monet