ESTUDAR... PARA QUÊ?
(Do FHC ao Lula: piora a cada ano)
A expressão: “Estudei pra burro”, normalmente utilizada por alunos que costumam estudar apenas e tão somente para conseguirem qualificação “B” nas avaliações, parece ser inerente ao atual sistema de ensino. Esse fato torna-se mais evidente, principalmente se os alunos que utilizam a referida expressão estiverem cursando o 2.º Grau. Eles não estudam para aprender, mas para serem enquadrados no sentido tácito da expressão “Estudei para (ser) burro”, pois parece ser esta a grande meta da política educacional nacional, que pleiteia resultados estatísticos e não a qualidade educacional e cultural do aprendiz.
No final de todo ano letivo, com certeza o governo apressa as diretorias e conselhos escolares para execução das tabelas e estatísticas que demonstram os altos índices de aprovação, exatamente para ter como justificar os grandes investimentos nas campanhas (propagandas seria o termo correto) efetuadas nos meios de comunicação por esse mesmo governo, mostrando aluninhos muito bem comportados, saboreando suculentas e balanceadas merendas, utilizando-se de uma chusma de livros didáticos “presenteados” pelo governo; os professores: todos dispostos, sorrindo à toa (deve ser pelo “salarião” que recebem).
Quem será que o nosso governo está querendo enganar? Por que os estudantes que não conseguem os índices mínimos de aprovação não podem voltar a cursar a mesma série? Qual a vantagem que desfrutará o pobre do cidadão que é promovido nos primeiros ciclos básicos sem base nenhuma? E o ensino profissionalizante? Qual o motivo de ainda estar tão ruim? Quando o FHC era o Presidente, na própria cartilha “Avança Brasil”, onde estavam expostas as diretrizes do seu governo, na página 133, podia-se ler:
(...). “A educação profissional, por sua vez, não pode ser concebida apenas como uma modalidade de ensino médio. Deve consistir na educação continuada para toda a população economicamente ativa, que precisa manter-se qualificada, readaptada e conservar elevados níveis de escolaridade. (...) A formação para o trabalho exige níveis cada vez mais altos de escolaridade, não mais se restringindo à aprendizagem de algumas habilidades técnicas.” (grifo meu).
Quer dizer que era apenas programa, projeto, ou algo para inglês ver? Mesmo agora com um Presidente petista, será que não entende que a educação profissional inadequada é a principal responsável pela exclusão do cidadão do mercado de trabalho? Qual será a situação futura (digamos: no final desta década) dos analfabetos diplomados no final do corrente ano?
Todos sabem que a educação não se restringe aos anos escolares e ao ambiente da escola formal. Mas o que estão fazendo para a melhoria do ensino formal? O sistema de ciclos e o da escola integrada ao meio são as soluções adequadas? O que estão fazendo para a qualificação dos professores de cada área pertinente ao ensino?
Muito se tem estudado, falado e escrito sobre o sistema de ensino. No país existem vários expertos no assunto. Programas espetaculares já foram divulgados nos meios educacionais. Mas, o que sempre prevalece é a vontade política e as idéias inócuas de secretários de governos quase nunca peritos. Fica sempre patente a vontade política de que o cidadão brasileiro deve contentar-se apenas em ser mais um diplomado, mesmo que analfabeto. A qualidade é a única que repete o ano, fica de “segunda época” (é coisa do passado), dependência ou retida, etc. O mais importante são as estatísticas onde figuram números, nem sempre confiáveis, do baixo nível de analfabetos e retidos. Ainda sem adentrar na problemática da evasão escolar. O INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) mostra que atualmente 1,7 milhões de jovens brasileiros entre 15 e 17 anos abandonaram as aulas e que aproximadamente 40% (é isso mesmo: “40%”) abandonaram por falta de vontade, puro desinteresse.
Cabem aqui alguns questionamentos:
- O governo está investindo para saber o real motivo desse alto índice da evasão escolar? Qual seria o real motivo da “falta de vontade e desinteresse” dos jovens brasileiros?
- E a evasão escolar que só no estado de São Paulo já chegou a 4,5%, ou seja, quase nove milhões de jovens, três vezes a população do Uruguai?
- Não está na hora de o governo investir na melhoria da gestão do sistema?
- Mas... E as avaliações sobre a qualidade do ensino, da qualidade dos aprendizes e da qualidade do magistério?
- Por que o governo não entra na sala de aula?
- Por que... Chega.
A esses questionamentos, quem poderá responder? – melhor: resolver? – melhor não seria: resolvê-los? Será que o Sistema de Avaliação do Ensino Básico (SAEB), que é Nacional e, se é que ainda funciona, poderia responder (resolver) as deficiências do sistema de ensino? Bem... Acho que estou sendo injusto, pois os ex-participantes do SAEB deveriam ter recebido o Prêmio Nobel da Inteligência, pois descobriram e orgulhosamente divulgaram nos principais jornais do país que: “Sem professor qualificado, escola vai mal”.
Celso Furtado diria: “O nosso sistema de educação está indomado, espoliado, destruído, enquanto o europeu é planejado, cultivado e domado, vencido pela civilização”. Lá, professores e mestres participam do planejamento do sistema de ensino. Aqui são lançados nas arenas (escolas públicas) para serem devorados pelos leões (aqueles que mandam e desmandam na educação). Qual o motivo de o governo nunca ouvir o magistério durante os estudos para a reforma do ensino? Qual o motivo de o governo não investir na qualificação do magistério?
Lá, naseuropa, os alunos necessitam alcançar qualificação pré-estabelecida por área e por disciplina. Aqui, basta ir até as salas de aula, não esquecer de responder: “Presente, fessôra”, tirar xerocópias de alguns trabalhinhos, recortar algumas figuras de revistas e colar em cartolinas, copiar centenas de matérias do quadro verde para tornar-se: “Os Formandos”. Para onde irão os milhares desses “formandos” sem formação? Até quando continuaremos a ouvir: “O importante é o diploma... depois a gente se vira?”.
Bem, não existe coisa pior do que concluir qualquer artiguete com pergunta, mas é necessário:
- O que será da nossa sociedade de amanhã quando os atuais estudantes, que estudaram pra burro, começarem a operacionalizá-la? Iremos nos alimentar de alfafa? O meio de transporte coletivo mais rápido voltará a ser a carruagem? Os puxadores dessas carruagens serão aqueles que estudaram pra burro? Haverá necessidade de diploma para puxar carruagens? E...
- Como ficará o inocente do burro (estou me referindo ao animal) nessa história?
Luiz de Almeida
(A figura adicionada é montagem de outras encontradas na Internet. Caso seus autores não aceitem a postagem neste artigo, bastam enviar mensagem para que a montagem seja desfeita).