26 setembro, 2010

100 anos de Lula Cardoso Ayres





Urariano Mota

Hoje faz 100 anos do nascimento de Lula Cardoso Ayres, artista múltiplo, recifense. Pintor grande em uma terra de grandes pintores como Cícero Dias e Vicente do Rego Monteiro, para somente falar de clássicos da moderna pintura brasileira, Lula achou pouco ser desenhista e pintor, e entrou pela fotografia, design, ilustração, pesquisador das gentes.


Em sua fase madura, aprendeu o povo sem apreendê-lo ou prendê-lo. Marcou para sempre as coisas da gente de Pernambuco, como se fosse um filtro humano, colorindo a a geometria. Ver, por exemplo, o que chamo "Cortadores de cana", http://www.bolsadearte.com/maio2000/maio2000lote39%20.jpg

Designer pioneiro no Brasil, desenhou marcas-símbolos-síntese para produtos que dão água na boca só em lembrá-los: lata da biscoitos Pilar, lata do azeite (que era óleo) Bem-te-vi.

Lula Cardoso Ayres se beneficiou do movimento dos comunistas, das esquerdas em geral, que puseram o povo como fonte e realização. (Ele pensava que havia captado isso com Gilberto Freyre, mas Freyre, na época, era reflexo desse movimento grande da esquerda no Brasil.)

Daí que há registros, registros, não, eternizações da cor e da cara da gente de Pernambuco. Tanto em pintura quanto em fotografia. Ver http://www.olhave.com.br/blog/wp-content/uploads/2010/06/Lula-Cardoso-Ayres-1.jpg Ele era um quase tarado pelas coisa de Pernambuco. Às vezes lírico, de um lirismo de arrepiar, como nessa aparição de mulher em um sobrado antigo, da série Assombrações do Recife, aqui http://www.bolsadearte.com/maio2001/imagem/086.jpg e aqui http://www.caiaffa.com/IMG/creditos/Opera/lulacardosoayres%28www.caiaffa.com%29.jpg

No parágrafo anterior, escrevi que Lula Cardoso Ayres era tarado pelas coisas de Pernambuco. Melhor dizendo, corrijo: pela amor e paixão pela terra, ele era antes um terrado. Universal por tara de sua terra.

25 setembro, 2010

O Fim: Venda o Seu Voto!

O Fim: Venda o Seu Voto!: "Sabem, estive pensando... Os eleitores deveriam vender seu voto. Sim, é uma forma de valorizá-lo. A melhor forma. Afinal, por que não vender..."

22 setembro, 2010

21 setembro, 2010

A Imprensa Golpista





Ola pessoal!

A grande impresa brasileira tem o péssimo costume de defender candidaturas sem assumir o que esta fazendo. Isso fica bem claro quando analisamos a conduta de jornais tradicionais como "O Estado de São Paulo" e "Folha de São Paulo", "revista Veja, e pela poderosa formadora de opinião, a "Rede Globo". Esses veículos não utilizam os editoriais para dizerem que são a favor de determinados candidatos. Fazem campanha descarada, disfarçada de noticiário. Isso é lamentável. Na grande imprensa, apenas a revista "Carta Capital", do jornalista Mino Carta, teve a coragem e a ousadia de declarar em editorial que: era a favor de tal candidatura, pois a considerava a melhor. Os outros veículos de comunicação, não. Hoje, "Carta Capital" é obrigatória para quem quer se informar bem.

O jornalista Paulo Henrique Amorim, a criou o termo "PIG" (Partido da Imprensa Golpista), para designar a ala dos veículos de comunicação que age como um verdadeiro partido político de direita. Em seu site "Conversa Afiada", (http://www.conversaafiada.com.br), Amorim nos dá ampla visão do que acontece na imprensa no dia a dia.

Nessa mesma linha de raciocínio, segue o jornalista Ricardo Kostcho, matéria publicada em seu blog "O Balaio do Kotscho" (http://colunistas.ig.com.br/ricardokotscho), na qual ele analisa a cobertura da grande imprensa.

Portanto, tenho grande respeito e admiração a esses três nomes: Mino Carta, Paulo Henrique Amorim e Ricardo Kotscho, que engrandecem o jornalismo. Vejam o artigo.



17/09/2010 - 11:55

Manchetes que viram propaganda eleitoral

Pelos comentários que leio diariamente aqui, os leitores estão cada vez mais indignados com o comportamento da grande imprensa brasileira na cobertura da campanha eleitoral de 2010. Um exemplo que resume a bronca da maioria é a mensagem enviada às 14h06 desta quinta-feira pelo leitor Eduardo Bonfim, pedindo que eu me manifeste sobre o assunto:

“Prezado Ricardo Kotscho

Sou fã do seu blog. Gostaria que você escrevesse um artigo sobre a propaganda que a Rede Globo vem fazendo no Jornal Nacional (JN no Ar) todos os dias, onde claramente só mostra a parte ruim do Brasil para que o povo vote no 45. Realmente, o casal do JN é 45. Isso é liberdade de imprensa?”

Sim, meu caro Eduardo, esta é a liberdade de imprensa que os oligopólios de mídia defendem. Ninguém pode contestá-los. Trata-se de um direito absoluto, sem limites. O citado JN no Ar, por exemplo, levanta todo dia a bola dos problemas das cidades brasileiras, onde falta de tudo e nada funciona. No mínimo, tem lugar onde falta homem e tem lugar onde falta mulher… Logo em seguida, entra o programa do candidato José Serra para apresentar as soluções.

Na outra metade do programa tucano, em tabelinha com os principais veículos de comunicação do país, são apresentadas as manchetes dos jornais e revistas com denúncias contra a candidata Dilma Rousseff, o governo Lula e o PT, numa sucessão de escândalos sem fim até o dia de disparar a tal “bala de prata”.

Já não dá mais para saber onde acaba o telejornal e onde começa o horário político eleitoral, o que é fato e o que é ilação, o que é notícia e o que é propaganda. A estratégia não chega a ser original. Mas, desde o segundo turno entre Collor e Lula, em 1989, eu não via uma cobertura tão descarada, um engajamento tão ostensivo da imprensa a favor de um candidato e contra o outro.

O esquema é sempre o mesmo: no sábado, a revista Veja lança uma nova denúncia, que repercute no JN de sábado e nos jornalões de domingo, avançando pelos dias seguintes. A partir daí, começa uma gincana para ver quem acrescenta novos ingredientes ao escândalo, não importa que os denunciantes tenham acabado de sair da cadeia ou fujam do país em seguida. Vale tudo.

Como apenas 1,5 milhão de brasileiros lê jornal diariamente, num universo de 135 milhões de eleitores, ou seja, o que é quase nada, e a maioria destes leitores já tem posição política firmada e candidato escolhido, reproduzir as manchetes e o noticiário dos impressos na televisão, seja no telejornal de maior audiência ou no horário de propaganda eleitoral, é fundamental para atingir o objetivo comum: levar o candidato da oposição ao segundo turno, como aconteceu em 2006.

À medida em que o tempo passa e nada se altera nas pesquisas, que indicam a vitória de Dilma no primeiro turno, o desespero e a radicalização aumentam. Engana-se, porém, quem pensar que o eleitorado não está sacando tudo. Basta ler os comentários publicados nos diferentes espaços da internet _ este novo meio que a população vem utilizando mais a cada dia, para deixar de ser um agente passivo no mundo da informação e poder formar a sua própria opinião.

Em tempo: não tem jeito. Quanto mais denunciam, atacam, escandalizam, mais aumenta a diferença de Dilma para Serra. No novo Ibope divulgado esta noite pelo Jornal Nacional, o abismo entre os dois candidatos abriu de 24 para 26 pontos (51 a 25). O casal JN estava todo vestido de preto. A estratégia kamikase só está fazendo o candidato da oposição cair mais ainda nas pesquisas. Como vai ficar a credibilidade da imprensa depois das eleições?

Autor: Ricardo Kotscho - Categoria(s): Blog

CRISTOVÃO TEZZA - LULA E AS ABSTRAÇÕES

Lula e as abstrações
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Como todo brasileiro mais ou menos letrado, venho acompanhando a sucessão de escândalos da Casa Civil – ou da Casa da Dilma, porque afinal foi lá que se fez o ninho de sua candidatura pela mão do presidente Lula. O aspecto que mais vem chamando a atenção dos analistas é o fato de que nada disso parece até o momento afetar os índices das pesquisas da eleição, ainda que haja um ou outro estremecimento aqui e ali, quase imperceptíveis.
As explicações para essa ausência de ressonância são muitas – a principal delas, a satisfação de uma larga parcela do povo beneficiada pelo crescimento econômico brasileiro, para a qual o noticiário, em qualquer caso, é irrelevante. Para outra faixa, a “roubalheira” seria “a de sempre”, “política é assim mesmo”, esse pessoal “rouba mas faz”, e se repetem as clássicas afirmações populares que atestam a simples e centenária despolitização brasileira. E para muitos tudo não passaria de uma conspiração da “imprensa vendida”, a velha válvula de escape. Amparados na popularidade messiânica de Lula, os candidatos do governo recebem afagos do chefe e seguem em frente, sorridentes na fotografia. Nada parece fazer diferença.
Quando Lula perguntou, há algumas semanas, “onde está esse tal de sigilo”, produziu uma piada cretina, é verdade – mas deu mais um exemplo da natureza de seu sucesso, que é o horror a abstrações. Ao transformar o “sigilo” – um complexo conceito criado pela civilização para proteger os direitos do indivíduo – num malfeitor que precisa ser “preso”, ao mesmo tempo não disse nada, encerrou o assunto e deixou uma imagem concreta na cabeça do eleitor desavisado. Uma imagem inútil, mas tranquilizadora.
Outra abstração de difícil percepção popular, pelo menos no Brasil de hoje, é a separação fundamental entre Estado, governo e partido político. Lula se comporta como alguém que, em oito anos de mandato, ainda não conseguiu se transformar em presidente. A sem-cerimônia com que o aparelho inteiro do Estado, sob a aguerrida onipresença do próprio Lula, se lança na campanha presidencial, filmada em autoespetáculo pela própria tevê estatal, sem sequer o pudor de uma licença do cargo, dá a impressão assustadora de uma arrogância triunfante e corrupta, vivendo a pura lógica de terra arrasada, como se o sucesso de seu governo não melhorasse o país, mas paradoxalmente o tornasse pior, vivendo o ressentimento e a volúpia de uma vingança contra um “inimigo” que, de fato, jamais teve. Pelo contrário, durante oito anos Lula contou com o melhor Congresso que o dinheiro pode comprar, repetindo a velha piada.
Por um Fiat Elba, Collor virou farelo. Diante dos renitentes escândalos da Casa Civil, parece que o que está fazendo falta mesmo é um PT, que, como nos velhos tempos, não deixasse passar um fio de cabelo sem ligar o megafone. Mas acho que isso já é pedir abstração demais.
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(TEZZA, Cristovão - escritor e colunista da Gazeta do Povo. Crônica publicada em 21/09/2010)