Solilóquio sem fim e rio revolto -mas em voz alta, e sempre os lábios duros
ruminando as palavras, e escutando
o que é consciência, lógica ou absurdo.
A memória em vigília alcança o solto
perpassar de episódios, uns futuros
e outros passados, vagos, ondulando
num implacável estribilho surdo.
E tudo num refrão atormentado:
memória, raciocínio, descalabro...
Há também a janela da amplidão;
e depois da janela esse esperado
postigo, esse último portão que eu abro
para a fuga completa da razão.
Jorge de Lima
(1893-1953)
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