Todas as pessoas sensíveis, não apenas os Educadores, sabem que a observação é a chave da "avaliação". Esta avaliação está entre aspas porque não diz respeito a uma avaliação crítica apenas. Mas a uma avaliação que busca conhecer, saber melhor dos detalhes, que fazem toda a diferença entre uma e outra criatura humana. Seja ela criança, adolescente, jovem, adulto ou idoso.
A observação, especificamente das crianças, num momento de lazer; num momento lúdico - principalmente por serem crianças - as revelam tais como são, sem artifício algum; inibidas, desinibidas, arredias, sociaveis, com espírito de liderança, apáticas e, também, com suas genialidades que, sem uma observação atenta, tais peculiaridades passam desapercebidas ...
O autor da crônica que vou postar captou toda uma questão Educacional Pedagógica - importantíssima - sem nem se dar conta, pois sendo um cronista, seu olhar é observador por natureza.
Não existe ensino aprendizagem sem o recurso da observação. O professor pode errar feio em sua avaliação, planejamento e estratégias.
Tal assunto me remete ao texto de Mark Twain : "O camelo extraviado" - que postei no meu outro blog; No rastro da Poesia... http://norastrodapoesia.blogspot.com/2008/07/o-camelo-extraviado.html
Vamos, então, a Crônica da Semana do Café Impresso - do Cronista Antonio Caetano.
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Domingo, 29 de Março de 2009
O Artur é uma figuraça! Deve ter uns três anos, mas o seu prazer não é andar nessas máquinas infantis que se espalham pelos shoppings. Não! Ele gosta é de vê-las funcionando. A mãe coloca a ficha e o Artur começa a correr em volta da máquina sob o olhar preocupado da mãe, temerosa que o menino acabe sofrendo um acidente. Mas ele parece atento aos riscos pois, ao mesmo tempo que se curva e agacha e espicha todo para acompanhar os detalhes do movimento da nave espacial que sobe e desce e vai e vem, esquerda e direita, para cima e pra baixo, olhando-a por todos os ângulos possíveis, o Artur também foge dela e se desvia e esquiva, enquanto comenta com a mãe numa linguagem muito expressiva, cheia de exclamações de surpresa e êxtase, mas que só eles dois entendem. Quem passa e calha de prestar atenção na cena ou não entende nada ou pára discretamente para assistir o show do Artur. Outro guri chega com o pai e os dois parecem dispostos a esperar pacientemente a sua vez, mas a mãe do Artur logo oferece: - Se você quiser, pode colocar o seu filho no brinquedo... O que o meu gosta mesmo é de ficar olhando... Penso sentir certo tom de resignada estranheza na voz da mãe de Artur, como se o gosto do menino fosse de uma bizarrice incompreensível... Talvez seja só um pouco de enfado por ter de novamente repetir a mesma oferta e a mesma explicação, o espírito já pronto para responder a alguma réplica cheia de ironia ou espanto. Mas o pai do outro menino simplesmente atende a sugestão da mãe do Artur e coloca o filho na cabine da nave - para alegria redobrada do Artur que agora também se dirige ao piloto em sua linguagem alienígena! O outro menino está visivelmente constrangido com a quebra da ordem previsível e olha para o pai com a expressão universal de quem não está entendendo nada. E eu, ali ao lado, tirando uma xerox, encantado por ter o privilégio de testemunhar os primeiros passos de um gênio. Porque [...]
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Para os educadores ou interessados no assunto, este texto dá um "bom caldo".
Grande beijo,
Taninha
2 comentários:
Muito bom o texto, Taninha!
Vou no Café depois, mas não se deve mesmo interferir nas brincadeiras das criança, pois ali, elas estão começando a descobrir o mundo e suas próprias aptidões. Criança com criança se entende.
Beijos
Mirze
Oi, Mirze!!
Verdade... O adulto quando interfere - a não ser que seja para separar uma briga acontecendo aos tapas e pontapés, risos -, atrapalha sim! E muito.
A criança precisa dialogar, se defender, saber escolher, liderar, ser liderada dentro de tudo que uma brincadeira envolve. Inclusive, "apenas" observar. Como fez Artur.
Beijos,
Taninha
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